segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Postagem de Aniversário

Agora; neste momento, neste dia; eu estou fazendo dezessete anos de vida. Dia 25 de Janeiro. A maioria de vocês provavelmente não sabe, até porque nunca dei enfase e nunca pedi pra nenhum lugar divulgar, ainda mais na internet. Entendam, apenas nunca quis um monte de mensagens hipócritas me desejando felicidades e me dando parabéns.

Até porque, nunca considerei meu aniversário como uma data comemorativa. Alias, é claro que já considerei assim. Toda criança deve pensar assim afinal. Mas eu já deixei de ser uma, e com isso, acho que amadureci a ponto de usar essa data de uma melhor maneira.
Não há nada para comemorar, mas definitivamente é um marco. Completo mais um ciclo de vida em todo dia 25 de Janeiro e isto é uma boa data para fazer algo prestativo para a própria vida. Então, estou utilizando parte desse dia prestativo para escrever algo de útil para vocês. Vocês que lêem meu blog e merecem minha atenção. O que? É um conselho.

Hoje, usei grande parte do dia pra fazer uma coisa: Nada. Fiquei a maior parte da manhã e tarde morgando, perto da janela com vento bom e ouvindo uma música boa. E isto é o que digo para vocês fazerem. Quando vocês estiverem passando por grandes dificuldades, ou quando simplesmente quiserem ter um tempo para organizar suas mentes. Simplesmente Parem. Respirem fundo e deixem seu corpo apenas respirar. Ouça uma música boa, ou fique no mais absoluto silêncio. E logo vocês vão notar: Como vocês estarão leves. Como vocês estarão tranquilos e felizes. Tentarão pensar nos seus problemas, e até conseguirão, pois a mente humana é surpreendentemente indomável, mas vão notar que eles não te preocupam. Apenas passam como uma parte da sua vida. Uma parte a ser vencida, superada.
Hoje, aqui no Rio de Janeiro, está chovendo o que me ajudou mais ainda. Eu sorri, enquanto notava que de agora em diante vou ter que começar a realmente me dedicar aos estudos. E eu dei gargalhada ao notar que as responsabilidades estão pesando cada vez mais nas minhas costas. Simplesmente não liguei, não dei a mínima para meus problemas e respirei.
Até chorei, pensando no que eu já fiz de merda, e no que eu já deixei de fazer e acabou se tornando uma merda mais ainda. Notei que muita dessas coisas poderiam e ainda podem ser arrumadas no futuro. E decidi qual delas tomarei como meta, ou como parte de um sonho maior para mim mesmo.
Pensei nos meus defeitos, e pensei nos meus dons, na capacidade que eu tenho e em que poderia me esforçar para melhorar. Naquilo que eu fiz, a início por obrigação, e agora eu faço por puro prazer. Como o Karate, como Escrever. A vida acaba te mostrando que não há nada que você amará para sempre, nada que você odiará para sempre, nada que você saberá fazer para sempre e nada que você deixará de aprender. Pensem em como nunca poderão conhecer tudo de belo, mas que poderão aproveitar o máximo o que conhecerem. Tenham sonhos, não sonhos bobos ou materiais, tenham reais sonhos, pois eles moverão montanhas se você lutar por eles. E também, saiba desistir, saiba quando é a hora de parar de sofrer por algo que não dará certo e note como muitas outras coisas podem tomar o lugar desta.

Também não deixei de simplesmente deixar minha mente viajar. Afinal carregamos um infinito mundo dentro de nós mesmos, e deveríamos aprender a se aventurar dentro deles. Vi dragões e dei risada quando notei que um deles deu um nó em si mesmo enquanto voava no teto do quarto. Vi todo o mundo que criei em minhas histórias. Vi meus personagens e notei em como vários deles tem traços meus. E como vários deles poderiam ser grandiosos amigos meus. E são.
Percebi que o mundo real nunca será como nos desenhos, como nos filmes. Sempre tem um tom duro e frio que não se poderá retirar. Entretanto, se você mesmo não desejar que sua vida seja mais que algo comum, quem mais irá desejar? Sonhadores, mas com o pé no chão. É o perfeito equilíbrio, mas que raramente pode ser alcançado. Afinal é um complexo paradoxo.

Fiquei minutos imaginando o que seria de mim caso eu parasse certas coisas e caso eu deixasse de conhecer outras. Como eu seria se não tivesse começado a treinar Taiko? Eu seria o mesmo cara calmo caso não tivesse treinado Karate por mais de dez anos de minha vida? Será que eu teria forças para continuar sem alguns amigos que me deram forças em horas críticas? Provavelmente minha vida tomaria rumos completamente diferentes, caso eu simplesmente desse um passo para outro caminho. Poderia encontrar a morte ou o amor da minha vida. E novamente voltei ao pensamento que disse antes, que nunca poderemos ver tudo e conhecer tudo. Mas que podemos ver e conhecer o máximo que pudermos. E talvez isto seja mais do que suficiente para continuar seguindo.
Na minha família eu dei um especial momento para imaginar. Lembrei da minha infância, em que tinha sempre ao meu lado um Primo meu, e em como hoje estamos mais distantes. Como nossas mentes foram em opostas direções, mas em como eu ainda o considero, mesmo assim. Pensei nas discussões constantes que tenho com meu pai e notei que nossos momentos de risadas compensam em muito por todos estes instantes. E até pensei nos momentos em que minha mãe deixa de considerar minha opinião, mas em troca sempre se dedicou mais do que o possível por mim. Nos meus outros primos, nas minhas tios e tias. Como eu seria caso não tivesse nenhum deles ao meu lado? É algo duro de imaginar.

Pensei nas minhas conquistas. Nas minhas perdas. E nas coisas que eu deixei de conquistar por pura preguiça. Ou nas perdas que eu tive por simplesmente não fazer nada sobre. Notei como sou hesitante em certas ocasiões, e como nestes momentos necessito de pessoas para em quem me apoiar. E como em outros momentos eu tenho uma força de vontade gigantesca para fazer o que desejo.
Imaginei como eu seria se fosse outra pessoa. Percebi como isso é impossível. Pois eu sou eu, e apenas tendo meu corpo e minha personalidade eu seria quem seria. Imaginei meu futuro e lembrei do passado. Percebi como que às vezes deixava de aproveitar o presente por causa deles.
Relembrei de todos os amigos que tive. Não alias, isso é impossível, mas com certeza lembrei dos que mais me marcaram. De pessoas que conheço a mais de anos e ainda me suportam. De pessoas que conheço a poucos meses mas já se tornaram tão importantes. E é por estas amizades que eu escrevo esta postagem. Para dar-lhes meus conselhos. Pois percebi como que muitas vezes eles já puderam ajudar alguém necessitado.

O meu conselho é este. Reservem um momento só para vocês, e ao mesmo tempo, deixem que este momento se torne de tudo e todos a sua volta. Deixem os problemas de lado e depois analise-os de uma forma que você possa superá-los. Note como a vida é simples e complicada ao mesmo tempo. Como ela é cheia de felicidade e tristeza ao mesmo tempo.
Hoje é meu aniversário, mas eu não estou aqui pedindo nada. Não, hoje é meu dia de dar-lhes algo importante de mim. Algo que possa ser útil dentro de vocês e que tenha saído de mim. Gostaria que todos aqueles por quem tenho consideração lessem isto. Todos que me aconselharam. Todos que me ouviram. Todos que me fizeram rir. Todos que gastaram parte de seu tempo ao meu lado. Mas infelizmente não é possível. Então deixo apenas a vocês. Meus caros e fiéis leitores.

De coração, um grande abraço para cada um de vocês. Leia até o fim...

Che Guevara 78




Mesmo com todos insistindo pelo contrário, Julio continuou com a louca idéia de comprar a casa. Ela tinha dois andares; cinco quartos e dois banheiros na parte superior, enquanto a parte inferior abrigava uma sala de estar, hall de entrada, cozinha e mais um banheiro. Número 78 da rua Che Guevara. Ou, como era conhecida, Che 78.
A casa tinha uma fama que toda a pequena cidade conhecia, ela era assombrada. E se não fosse isso, talvez alguma antiga maldição tenha caído sobre ela algumas várias décadas antes. Várias eram as hipóteses, várias eram as lendas; mas o que importa é que, por causa delas, a casa nunca ficou habitada por mais de um mês. Os moradores sempre morriam ou deixavam a casa com olheiras brutais na face. Era tão conhecida que por causa disso, o preço dela caiu bruscamente, ninguém queria comprá-la.
Entretanto, mais conhecida que o terror daquela casa, era a teimosia de Julio. O arquiteto de quarenta anos tinha um histórico de encrencas que poderia cobrir toda a extensão da Muralha da China. Era cabeça-dura e nunca admitira isso, e seus poucos amigos também deixaram de tentar fazê-lo pensar diferente. Mas abriram uma exceção para fazer uma tentativa de convencê-lo a não viver naquela casa.

“Ela é grande, clássica e silenciosa. O que há de mal nela?”. Fora a resposta imediata de Julio. E quando os amigos rebateram contando as terríveis histórias; como a da Senhora Melissa que caiu da escada, e a do Casal Lima que queimou na lareira; ele simplesmente rebateu com um “Pura coincidência. Nada de mal vai acontecer.”. E desta forma ele comprou a casa.
Uma semana depois, mais da metade de sua mobília já estava dentro dela e a casa já tinha ganhado o seu ar. Estava chato e carrancudo. Assim como ele. Sofás duros e de estofa velha, poltronas de madeira nobre, tapetes persas empoleirados e outros móveis que rangiam a cada toque se faziam neles. Realmente, agora aquela casa parecia totalmente com seu dono. Parecia até ter personalidade.
E a partir daí, Julio começou a viver na casa. Trabalhava quase o dia todo, e de noite, se divertia um pouco na internet ou vendo televisão e ia dormir. Monótono como sempre. Talvez fosse por isso que nunca teve uma namorada. E se teve chances, passaram despercebidas. Os amigos raramente se arriscavam a passar muito tempo na casa dele, o que vez o arquiteto parecer ainda mais carrancudo. Os boatos rolaram soltos na pequena cidade conforme a paz circulava em torno da Che 78, e logo diziam que a casa havia finalmente achado seu perfeito dono e agora não fazia mais mal algum.

Mas aquilo não durou para sempre. Na verdade, nunca havia durado um único dia. Aqueles que pernoitavam na casa sempre juravam dizer que ouviam sons estranhos de noite. Sons que não os deixavam dormir. Julio não tinha sido exceção, logo na primeira noite, ele foi infestado de rangidos de madeira velha que duraram a noite toda. Mas sua teimosia era persistente, e ele apenas fechou os olhos para o som, dizendo baboseiras. “É apenas a idade da casa clamando pela sua atenção.” dizia ele “Sou arquiteto, sei dessas coisas, afinal.” E com isso a casa de calou e nunca mais rangeu para ele.
Isso não significava o fim das anormalidades. Logo na semana seguinte, enquanto Julio mexia na internet com toda a tranquilidade que tinha, ele teve a estranha sensação de estar sendo observado. Como se um binóculos estivesse posto bem atrás de sua nuca, e quando virasse para ver, não houvesse nada. Tentou ignorar, como havia feito com os rangidos. Mas estes foram inevitáveis, até uma brilhante idéia surgir. Fechou todas as janelas da casa, e uma sensação de segurança o tomou acima da sensação de estar sendo observado. E por aquela semana, fora o fim dos pesadelos.
A casa só voltou a chamar a atenção de Julio duas semanas depois. Ele estava muito bem aconchegado na cama enquanto pulava de canal para canal tentando achar algo que prestasse naquele horário. Já passavam das meia-noite, e geralmente neste horário nunca havia coisa melhor que pornôs e documentários na televisão a cabo. Foi quando subitamente houve uma falha elétrica. A luz apagou-se e voltou num segundo, fazendo a televisão apagar para lentamente zumbir ligando novamente. Julio pensou com sua mente lógica “Deve haver algum problema na eletricidade do bairro.”. E se convenceu de que era aquilo, até que no dia seguinte, perguntou sobre a queda na conveniência, e percebeu que nenhuma casa havia sofrido daquilo. Apenas a casa dele. Cochichos no fundo diziam sobre o poder da Che 78. Mas Julio, como esperado, simplesmente deixou as palavras passarem de um ouvido para outro. Dali em diante, as quedas de luz repentinas e rápidas se tornaram mais frequentes. Quase sempre acontecendo quando ele estava sozinho e acordado de madrugada. Algumas noites eram até cômicas, quando a luz se apagava por blocos. Primeiro um quarto, depois outro, depois o hall e por assim ia. Cômico para Julio, mas não para qualquer outra pessoa da cidade. Passada uma semana daquela forma, Julio simplesmente resolveu ignorar o problema, se convencendo de que “Casas velhas tem problemas com interruptores.”. Aquele havia sido o último aviso para Julio.

A velha Senhora Melissa nunca fora uma mulher de atividades físicas, talvez por causa da vida inteira trabalhando como escritora. Não que se arrependesse por ter gastado as horas da sua vida debruçada sobre uma máquina de escrever. Mas era só que muitas ocasiões exigiam um esforço físico que a fazia enlouquecer. Ainda mais, velha como estava.
Por mais que tentasse, não acabava nunca! Melissa estava desesperada e seu coração parecia que ia saltar pela boca. “Os boatos eram verdade! Eu preciso sair dessa casa!” Pensava ela enquanto descia as escadas com calafrios subindo toda a espinha. Mas, mesmo que tentasse com todas as suas forças, ela simplesmente não conseguia descer as escadas. Parecia que a cada degrau que descia, dois a mais surgiam na extensão da escada. Ela estava presa, presa pela casa. Tentou descer lentamente, descer saltando degraus e até mesmo tentou descer correndo. Mas nada funcionava, a escada de repente virou um monstro mortífero e impiedoso. Foi então que, num lapso de distração, ela perdeu o equilíbrio e seu corpo tombou para frente. No mesmo instante a escada voltou a ser a mesma de sempre. Mas Melissa já não era a mesma.

“Corra, amor! O máximo que puder!” Gritou Henrique Lima para sua namorada, que estava alguns metros na sua frente. As panturrilhas dos dois já ardiam, e ele perdeu a contas de quantas câimbras já haviam pego ele durante a corrida. O Desespero estava estampado na face do casal.
Apenas um mês antes, tudo eram mil maravilhas. A Che 78 não tinha tanta fama e a casa foi comprada rapidamente. E logo foram morar nela. O Casal Lima tinha acabado de marcar a data para o casamento e realmente já era hora. Raro era ver um casal que conseguia vencer tanto tempo sem obstáculos. Sem obstáculos normais, diga-se de passagem. Pois a casa podia ser tudo, menos uma casa normal.
Eles estavam debruçados sobre o tapete da sala de estar, com a clareira estalando vários lenhos jovens enquanto dava calor àquela fria noite de inverno. Lá fora caía uma tempestade de neve que nunca a cidade havia antes visto. Mas de nada importava para eles, alias, para os Lima, aquela tempestade era um motivo a mais para estarem juntinhos e abraçados em frente a lareira. E assim provavelmente iria ser, caso aquilo não acontecesse.
“Socorro, querido!” Gritou Claire. Já não podendo mais correr. A macabra casa tornou a sala de estar no maior pesadelo da face da terra. Subitamente, a lareira tinha se transformado numa boca de fogo que ocupava mais da metade da parede e rugia por comida com suas fileiras de dentes afiados. Não fosse só isso, a sala de estar inclinou-se em direção a boca e tudo começou a ser sugado por ela, como se não houvesse outra escolha senão queimar nos dentes do inferno que antes era a lareira. O Casal Lima aguentou muito tempo, correndo em direção a porta com todas as suas forças. Mas o tapete que cobria seus pés parecia se alongar sempre que se aproximavam da porta. E isto acabou abrindo as portas para a fadiga e a dor nos músculos. Quando Claire tropecou e foi caindo lentamente em direção às chamas, Henrique havia conseguido se segurar na cortina com uma mão e com a outra rapidamente salvou sua amada. Por não mais que alguns segundos. A cortina cedeu e ambos foram em direção a sua morte. No outro dia, seus corpos foram encontrados dentro da lareira, com o cheiro horrível deles carbonizados subindo pela chaminé, junto com os fios de cabelo que não queimaram.

“Toc Toc”, foi o que Julio ouviu vindo da porta de entrada, ele já estava se preparando para ir dormir. Desceu as escadas e foi abrir a porta, mas não havia ninguém do lado de fora. Fechou a porta, e no mesmo instante ouviu alguém bater na janela de madeira da sala de estar, com a mesma intensidade, da mesma maneira. Foi até ela, abriu, e nada, novamente. E assim se seguiu por mais alguns poucos minutos, alguém batia em alguma abertura da casa, e quando abria, não havia nada do outro lado. A mente de Julio ainda se recusava a temer. “Garotos.” Ele pensava consigo mesmo. “Muitos Garotos.” Mas aquilo realmente estava ficando impossível.
Até que o seu ápice chegou. Todas as janelas e portas foram alvo de batidas frenéticas e poderosas que fizeram a silenciosa Che 78 se tornar um alojador de estrondo. Julio desistiu, agora já não havia o que dizer ou fazer, deixaria para pensar no que era aquilo mais tarde. Apenas tampou seus ouvidos e fechou os olhos esperando aquilo terminar.
O que eram cinco minutos pareceram uma eternidade ali. Pelo menos para o arquiteto teimoso. As batidas penetravam a madeira e penetravam seu corpo, afetando sua alma forte. A força que Julio tinha para negar tudo aquilo que queria estava enfraquecendo e uma vontade extrema de sair da casa surgia no seu lugar. “Isso é assombrado. Eu preciso sair daqui.” finalmente pensou sua mente. Mas logo depois, de uma única vez, as batidas pararam. Deixando tudo novamente em silêncio. Julio demorou para notar isso, ficando mais alguns minutos encolhido e tampando os ouvidos de olhos fechados. Tremia por dentro.

Quando abriu os olhos, já haviam se passado mais de meia hora desde o início de todo aquele pesadelo. Agora a casa era um antro de silêncio e não parecia haver mais perigo algum. Julio levantou-se lentamente de onde tinha deitado. Agora, todo aquele lugar parecia ser insuportável para ele. Pelo menos por aquela noite não moraria ali, deixaria o lugar. Esfriaria a cabeça e usaria a lógica, era o melhor a se fazer. Ele tinha tido alucinações, só podia. Era o que sua mente firmava para si mesmo. Foi em passos lentos em direção a porta de entrada, enquanto notava coisas na casa que nunca parecia ter percebido antes.
A casa parecia ter sido feita de um modo que causasse uma ilusão ótica sobre seu chão. Como se sempre faltasse quilômetros para terminar a casa. E cada passo que você desse fosse anulado. A ilusão era feita pelo piso usado e pelo modo que as paredes foram postas. O conhecimento arquitetônico de Julio denunciou aquilo para ele. “Ali está a morte de Melissa.” Virou-se para a sala de estar e notou também. Ela era levemente inclinada para a Lareira, de um modo que chamasse que morasse por ali para ficar perto dela. Talvez dois jovens bêbados poderiam ter alucinações, e a fama da casa poderia ter aumentado a história. “Ali está a morte do Casal Lima.”
De repente a paz reinou na mente de Julio e ele voltou a razão. Não havia nada a temer, era uma superstição boba de uma cidade mais boba ainda.

Será?










Imagem: My_house by twELveRN.
Leia até o fim...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

MC

Talvez obra do Destino; nunca seria coincidência,
Algo tão belo, do nada e do acaso não surgiriam.
Não quando contido na simplicidade de um belo sorriso.
Não quando nada igual jamais eu tivesse vivido.

Talvez fosse um desejo divino, a vontade de um protetor,
A se realizar através do mais inesperado vermelho vivente.
Mesmo opostos, se cruzaram as nossas vidas.
Mesmo distantes, naquela força as almas estavam embebidas.

Talvez porque aquilo era o mais inesperado e mágico de se acontecer,
tanto, que não para sempre que poderia durar a tal chama.
Assim a magnífica sensação de simplesmente segurar sua mão
Assim era ditada a paixão que eu sentia. Pela primeira vez, até então.

Do Sorriso Cantante. Do Vermelho Vivente. Do Cabelo Atraente.
Apenas, de você. É agora tudo que preciso, este tolo paciente. Leia até o fim...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Os 8 Escolhidos - Capítulo 8

Capítulo 8 – Galahad Broadcase, O escolhido

- Consegui!
Hórus comemorou girando em sua cadeira e levantando os curtos braços dele. Khalador aproximou-se no mesmo instante. E Gal estava tão impressionado que nem ao menos havia saído de perto do pequeno motorista. Na frente deles, havia duas pequenas hastes, colocadas paralelas e na vertical, com uma distância de alguns centímetros de uma para outra. E, no meio dela, uma imagem holográfica de forma quadrada se formava, como se fosse uma tela. A início apenas chiava enquanto ela repassava para eles poucos segundos das redes de televisão e rádio locais. Mas conforme Hórus mexia no controle da máquina, ela ia se ajustando para um canal mais reservado. O grito dele foi justamente por manter o contato exato.
A tela insistiu em ainda mostrar algumas falhas de sinal, enquanto Hórus viajava seus longos dedos pelo controle que tinha nas mãos. Era lógico que ele era o único que podia dominar aqueles equipamentos completamente. E logo a imagem foi ficando clara e fixa. Ali, na projeção holográfica em 2D, havia um homem, que aparentava ter seus vinte anos. Vestia-se parecido com um gangster. Exceto pela face, que portava um gigantesco óculos feito de couro, com várias lentes levantadas em frente aos olhos, exceto por duas. Ele parecia estar mexendo em alguma coisa no canto da sala.
- Klon!
O rapaz saltou olhando para os lados rapidamente.
- Aqui, Klon! O comunicador!
E então os olhos do rapaz se direcionaram para a projeção. O garoto praticamente se jogou em frente ao seu comunicador, enquanto ajustava as lentes, levantando umas e abaixando outras. Até a imagem ficar nítida para ele.
- Hórus! Quanto tempo! Pensei que não tivessem passado!
- Ora! Não me venha com besteiras! Sabe que eu sou o melhor Buscador assistente da Oposição!
- Vai saber a velhice não te afeta? - E Klon riu de leve, mostrando os dentes defeituosos. - De qualquer maneira, o que quer?
- Nós encontramos, Klon. O escolhido.
Klon se jogou para trás como se tivesse levado um soco vindo do projetor. Estava devidamente assustado.
- Como... Como assim!? Já!?
Dizia enquanto se aproximava.
- Sim. Demos sorte e nossa área de investigação bateu com a área dele.
- Então ainda temos bastante tempo!
- É. Talvez possamos fazer algo por este lugar. Agora, chame Lezir, ele precisa saber da novidade, também.
- Claro, Claro. - E Klon gritou o nome para o corredor. Eles pareciam estar numa casa comum e bem desarrumada. O que chamou a atenção de Hórus.
- Alias, onde vocês estão?
- Nós nos instalamos numa habitação num lugar chamado... é... Honk Kong! Nós somos bem diferentes da maioria da população. O lugar onde vocês estão também é assim?
- Não exatamente. Aqui as pessoas são...
Mas foram interrompidos pelo barulho de pesados passos no corredor. E logo surgiu no pequeno quarto um grande homem de pele negra. Ele tinha mais de dois metros de altura com facilidade, e seus músculos saltavam pela camiseta regata branca dele. Ele sentou-se ao lado de Klon no projetor e virou-se para Hórus.
- O que foi, cabeçudo?
- Ainda me admiro com sua educação, grandalhão.
- E eu com a sua. Diga, o que acharam por aí?
- Encontramos o Escolhido, Lezir.
E assim como Klon, Lezir pareceu perder o ar por um instante. Mas ele se recompôs mais rápido que seu parceiro de busca. E logo voltou a direcionar-se para a tela.
- Espera... Espera... O escolhido?
- É. Ele mesmo, o principal.
- Como foi tão rápido?
- Demos sorte, oras!
- Então, parte de nossa missão está cumprida.
- Exato, é para isto que estou aqui falando com vocês. Podem mandar a notícia para os outros buscadores? Eles precisam saber que agora nossa meta é achar os outros sete.
- Nós passamos a mensagem, sim.
- Alias, quais buscadores estão ativos?
- Bom.... - E Lezir sentou-se de uma maneira mais acomodada no chão. - Além de nossos dois grupos, tive notícias de Orth e Mikeila. E também de Luminos e Sor.
- Jynox e Alivens não tentaram passar, também?
- A Passagem fechou-se enquanto eles tentavam. Perdemos eles.
E desta vez foi Hórus quem pareceu desnorteado. Deixando a cabeça encostar-se em sua poltrona, enquanto respirava mais lentamente para processar melhor a notícia. Não teve muito tempo, logo a voz de Lizar rompeu-se novamente pelo projeto.
- E onde está o Escolhido? Ainda não o buscaram?
- Já. Ele está aqui, assistindo vocês neste momento. - Khalador disse, aparecendo ao lado direito de Hórus. Lezir abriu um sorriso ao ver o guerreiro de cabelos negros compridos.
- Khalador! Bom ver sua face novamente, rapaz.
- É bom te ver de novo também, Lez.
- Então, onde está nosso salvador?
- Está aqui. - E Khalador olhou para Gal, do outro lado da poltrona, e o chamou com a mão, para que ele aparecesse no projetor. O garoto timidamente deu passos na direção do motorista e sentou-se ao lado dele, olhando para o projetor.
Lezir e Klon ficaram em silêncio enquanto observavam o garoto de dezesseis anos. Ficaram assim um bom tempo, até Klon limpar a lente com a luva de couro.
- Então, é esse garoto, certo?
- Sim.
- Tem certeza disso, Khal?
- Klon, Só pode ser ele.
Lezir soltou um longo suspiro e olhou para Khalador, pelo projetor. A face séria.
- Então, esta é sua última chance, certo, amigo?
- É.
- Confia neste garoto?
E agora Lezir olhou para Gal. Klon seguiu seu olhar e Hórus e Khalador também se viraram para ele. Gal sentiu-se desconfortável com aquela situação, mas não se queixou. Logo em seguida, Khalador voltou a olhar para Lezir.
- Confio. Tenho certeza que desta vez nós conseguiremos.
- Bom... Se você diz. Então eu também confio no pequeno. - E Lezir continuou a olhar para ele. - Ei, garoto, qual seu nome?
- Gal.
- Apenas isso?
- Galahad. Galahad Broadcase.
- Galahad... É um nome forte. Tenho certeza que já pertenceu a algum outro grande guerreiro.
- Está certo.
- É, eu sou bom com nomes.
E Lezir ajeitou-se novamente, de modo que pudesse ficar mais próximo do projetor, e assim,sua face pareceu maior perto de Galahad. Ele olhou para o garoto com o mesmo ar sério com o qual tinha encarado Khalador.
- Você acha que pode fazer isso?
Gal congelou com a pergunta. Já havia pensado tanto nela que ainda não havia chegado em nenhuma solução viável. Em seu curto desespero ele olhou para Khalador, do outro lado. O guerreiro assentiu para ele com a cabeça. E aquele ato pareceu ter dado confiança para ele.
- Sim. - Disse virado para Lezir. Que abriu um belo sorriso.
- Eu sinto uma grande determinação saindo deste moleque. Parece que, até mesmo em meu coração murcho de batalhas, ele conseguiu acender alguma esperança. Isso é bom. Garoto, o futuro, não só de seu mundo, como de seu universo depende de cada ato seu. Assim como você também pode ajudar a todos nós, que lutamos contra o Impiedoso a tanto tempo. Então, nunca se esqueça que cada ato seu trará uma consequencia para todos. Consegue entender isto?
- ... - Gal demorou um pouco a responder, mas Lezir pareceu não se importar. - Sim.
- Ótimo! Agora me sinto revigorado para o trabalho. Klon! Nossa meta mudou e agora devemos nos dedicar completamente a ela! Esteja pronto!
- Sim senhor! - Respondeu o garoto, mudando as lentes enquanto observava Lezir sumir novamente pelo corredor. Logo depois virou-se para o projetor. - Bom, conte comigo para avisar os outros de sua grande notícia. Façam o dever de vocês e nós faremos o nosso.
- Pode deixar, Klon! - Falou Hórus quase saltando de sua cadeira.
- Estou desligando.
E logo em seguida a imagem ficou novamente perdida num monte de chiados e distorções.

Durante a maior parte do resto do dia, Hórus ficou fazendo alguns reparos em Benny. Tinha aberto uma pequena tampa na lateral do painel de comandos e lá estava uma cena incrível e inédita: Os dedos de Hórus estavam mergulhados numa espécie de gel azul-claro brilhante que inundava tudo no interior da placa, como se todo o envolto de Benny fosse recheado daquilo. Os dedos do pequeno motorista brilhavam cada vez que ele os movia por ali, fazendo também com que outras luzes piscassem em pontos distintos dentro da placa. Como se cada movimento dele correspondesse a um apertar de teclas num teclado normal. Gal, como não tinha nada pra fazer – e completamente fascinado com a cena - , sentou-se ao lado do cabeçudo motorista.
- O que aconteceu?
- Danos da Passagem.
- Passagem?
- É. Chamamos assim o ato de passar do Impiedoso para o próximo universo que ele planeja destruir. É arriscado pacas, sabia, garoto?
- O tal de Lezir disse algo sobre isso, não?
- É. Nós, os Buscadores, somos conhecidos dentro da Oposição, mas não é por menos. Só o ato de tentar passar já pode lhe custar a vida.
Gal sentou-se, subitamente teve interesse pelo assunto.
- Explique melhor.
Hórus o olhou com o canto do olho e depois deu um longo suspiro enquanto soltava suas mãos do gel brilhante, para sentar-se de frente para o Escolhido.
- Veja bem. Existem alguns pontos de ligação entre a alma de um universo e o Impiedoso. Estes pontos ficam cada vez mais próximos e são a primeira ponte entre as duas partes. É por onde nós entramos, e por onde as primeiras surgem também surgem.
- Então isso quer dizer que...
- Exato. Para entrarmos aqui, temos de derrotar um número enorme de sombras. E é por isto que nosso risco é altíssimo. O Benny aqui, sofreu uns grandes danos. Eu pude arrumar quase todos, mas tive de interromper o reparo para ir te salvar. Então, estou terminando agora.
- Vocês... Estão aqui por quanto tempo?
- Nós? Bom, considerando o tempo da passagem. Estamos aqui já faz dois anos.
- Dois anos!? E o que fizeram durante todo esse tempo?
- Ora, nos adaptamos. Precisamos saber um pouco sobre os universos nos quais entramos antes de simplesmente começarmos a agir. E além do mais, ficamos na passagem por cerca de um ano e meio. Foram tempos duros pra nós.
- E o que fazem durante essa.. Passagem?
- Bom, normalmente? Tentamos manter nossas vidas a salvo.
- É tão arriscado assim?
- Bom. Imagine que Benny ficou numa brecha no espaço-tempo entre dois universos por todo esse tempo, lutando contra Sombras a quase todo instante. Considerando que não tínhamos muito mais que duas a três horas para dormir em paz. Isso com um em vigia. Sabe aquelas cenas dos filmes desse seu mundo? Aquelas de naves viajando através de vórtices com tudo passando numa velocidade inexplicável? É tipo aquilo. Só que pior.
- Hah... Claro. E pra voltar?
- Só voltamos se o Escolhido for morto. Nesse caso, passamos por tudo novamente, e levamos quem pudemos conosco. Não podemos salvar todos, mas fazemos tudo que podemos. Embora o universo escolhido esteja condenado à morte, aqueles que viviam nele podem ser salvos.
- E qual o número máximo de pessoas que já puderam salvar?
- Máximo? Cerca de quatrocentas.
- Só com Bennies?
Hórus adorou o plural do apelido que deu ao seu instrumento de trabalho.
- Não, garoto. A oposição manda transportadores.
- E não demoram pra chegar, também?
- Claro. E como. É a época de maior desgraça. Se esconder das Sombras fica quase impossível.
Foi quando uma dúvida brotou na mente de Galahad. Ele revirou suas lembranças da noite anterior e se deparou com um dilema. A Sombra que o havia atacado foi morta por espadas. É claro, Khalador lutou divinamente e por isso conseguiu vencer a besta. Mas se espadas venciam Sombras com tanta facilidade, porque não seria melhor simplesmente metralhar as Sombras aos montes? Gal se acomodou enquanto Hórus esperava ele dizer uma coisa.
- Espera, Hórus. Não sei se você notou, mas nosso mundo tem mais que as espadas que Khalador usou. Sabe? Pistolas, Metralhadoras, Canhões e tanques. Acha mesmo que as sombras podem se apossar do nosso mundo?
Hórus o olhou com uma feição um pouco mais séria enquanto seus dedos se entrelaçavam a frente da face.
- Alguma hora iria falar sobre isso com você. Sobre porque as Sombras são tão terríveis e ao mesmo tempo, justas. Chamamos isto de Reciprocidade.
- Reciprocidade?
- É. Deixe-me explicar: Quando essas criaturas invadem o coração de um universo, elas se adaptam com aquele mundo. Ou seja, elas se tornam resistentes e poderosas conforme aquele mundo pode se defender delas. Caso você usar as armas que vocês tem aqui contra elas, o dano vai ser bem menor do que o estrago que Khal fez na Sombra que te atacou ontem de noite.
- Mas, porque?
- As espadas de Khal carrega consigo vieram do mundo dele. E lá, essas lâminas tinham esse poder contra as Sombras. Mas como você sabe, o risco de morte deles era bem maior também. Só pra ter idéia, um míssil que Benny pode soltar irá fazer menos dano numa sombra do que uma flechada de Khal. Dependendo da situação.
- Então, e se nós fizermos uma metralhadora de flechas?
- Não adiantará. Você precisa entender que não é nada técnico e fixo. As Sombras de adaptam por uma profecia. É como se o impiedoso desse uma chance para os universos sobreviverem, mas para isso precisam ralar muito. Não é uma tarefa impossível, mas também não é simples. Embora nunca soubéssemos o jeito exato de se impedir o impiedoso de destruir um universo.
- Nunca?
- É, nunca. A profecia que os sobreviventes do mundo de Rhurgon trouxeram era que... “ Um a Salvo do Destino moverá seus atos contra o mal e a destruição. E apenas ele pode deter o avanço, com sua vida, e com a ajuda de seus sete pilares.” E é baseado nisso que nós tentamos salvar os universos. Muitas vezes já estávamos vencendo as sombras, mas não sabíamos o que fazer em seguida, e por isso falhávamos.
- Mas então como diabos Eu vou conseguir?
- Isso é algo que depende apenas de você. Talvez nos outros escolhidos faltou determinação, se você a tiver, então temos a vantagem.
- Grande resposta. Não quer vestir um cocar de índio e começar a dizer também que tenho super poderes? Ou prefere ser mais claro?
E Hórus abriu de imediato um sorriso com a frase do garoto.
- Espera, que felicidade boba é essa?
- É porque você disse tudo, Garoto. - Disse Khalador do assento dele. O Guerreiro parecia estar dormindo, mas tinha ouvido toda a conversa.
- Super Poderes? Eu?
- Não é bem... “Poderes”, mas os Escolhidos geralmente tem algum dom que só é revelado quando eles enfrentam os sinais do Impiedoso pela primeira vez. Algo que eles podem fazer e ninguém mais pode. Às vezes é mais de um. Depende muito. O seu dom por exemplo, é muito útil.
- Meu dom?
- Exato. Nós já descobrimos uma de suas capacidades especiais. Quase não notamos no início, mas quando caiu a ficha, ficamos impressionados.
- Tá. E o que eu tenho de especial?
Khalador se ajeitou no assento, agora também se virando para o garoto, assim como Hórus estava. O Guerreiro passou a mão pelo pescoço lentamente, até chegar a nuca, onde pareceu estar puxando algo. Fez força, até que o objeto se soltou e Khalador o trouxe até a frente. Era um pequeno mecanismo circular e achatado com alguns espinhos em uma das faces.
- Isto é um comunicador. Sem ele, Hórus não entende o que eu digo e nem eu entendo o que ele diz. É lógico, sabe? Cada universo diferente tem sua linguagem. Esse pequeno item é do mundo de Rhurgon, nosso líder. Com ele, nós falamos na língua das almas. É a única linguagem que transpassa qualquer universo e tempo. Mas sem o dispositivo comunicador, ninguém é capaz de me entender. Por exemplo, Hórus não entende nada que eu estou falando.
- E como é que eu estou entendendo?
- Aí. Este é seu dom. Pelo menos o primeiro a se revelar. Você é capaz, pelo que estou notando, de entender a língua de qualquer povo e de ser entendido por qualquer um deles. Como se a língua das almas fosse natural para você.
- Mas... tipo, vocês estão falando inglês, e eu nunca consegui entender o canal espanhol da TV a cabo. Sabe?
- Sei. Vamos fazer o seguinte... - E Khalador olhou para Hórus. - Consegue conectar a rede de televisão local?
- Claro. Os satélites daqui são antigos, mas eu consigo conectá-los.
- Coloque num canal de outra região.
- É pra já.
O pequeno parceiro de Khalador se moveu pelos assentos de Benny até chegar a tela do painél principal, que cobria grande parte da visão dele. Hórus colocou os dez dedos sobre a tela, e o mesmo brilho de quando arrumava benny veio à tona na ponta deles, exatamente com os quais tocava na tela. Gal se levantou e seguiu Hórus, assim como Khalador também se ajeitava para ver o que o pequeno fazia.
- O que está fazendo? - Peguntou Galahad.
- Estou me conectando ao satélite, oras.
- E é tão fácil assim?
- Com a defesa que vocês colocam neles, eu posso fazer a festa lá dentro e vocês nem descobrm o que afetou vocês. Isso porque Benny não tem os equipamentos mais avançados de invasão de software.
Claro. Invadir as redes mais poderosas do mundo é algo simples, não é mesmo? Pensou o garoto.
- Tá. E o lance dos dedos, como faz?
- Isso é o “teclado” do universo do qual eu vim, garoto. Os botões do painél foram uma adaptação que fiz para seu mundo, estava os testando quando o salvei. Mas normalmente uso meus dedos para fazer o que quero no sistema. Tenho um chip na ponta de cada dedo, eles se conectam ao sistema quando os toco e assim, as ondas cerebrais de comando saem de minha mente diretamente para o mecanismo.
- Claro. Claro. Desculpe, meu dom está falhando, poderia traduzir pra minha língua?
- Eu dou comandos mentais pro computador.
- Muito melhor.
- Pare de resmungar. Aqui, veja.
E assim, na tela da TV surgiu uma mulher magra e alta com um microfone. Ela parecia estar no meio de um grande conflito e falava histericamente em inglês, enquanto letras estranhas passavam no rodapé da imagem. Ela falava sobre um carro-bomba e sobre mortos e feridos. Mas de um jeito tão cômico que Gal entendia vagamente.
- Entendeu?
- Ela está falando em inglês, ora.
- Não, Gal. Ela está falando árabe.
E foi aí que a ficha caiu para ele também. Hórus tocou de leve no ombro do garoto com uma cara de deboche, e Khalador mantinha um pequeno e curto sorriso. Como se ele também desse risada por dentro. O garoto fechou a cara e virou-se, procurando algo para fazer.
- Tá. E do que isso me adianta? Não seria melhor eu soltar bolas de fogo ou coisas do tipo?
- Seu dom é bem melhor que qualquer bola de fogo. Garoto. - Hórus e Khalador disseram praticamente juntos.
- Melhor? Aonde?
- Simples. Você não vai derrotar o impiedoso sozinho. Precisará de toda a ajuda necessária, e talvez vá chegar a hora em que todo o mundo estará ao seu dispor. Para conseguir isso, você precisa saber se comunicar com todos. Seu dom é uma bela ajuda.
Gal calou-se. Por mais que não quisesse admitir, eles tinham razão. Talvez as bolas de fogo poderiam ser deixadas para depois. Olhou para a TV que agora mostrava um bizarro comercial sobre turbas e coisas do tipo. O pior é que ele entendia o que falavam, embora continuasse cômico.
- Tá. Mas é só isso que posso fazer?
- Bom. Quer descobrir? - Khalador disse com um sorriso na face. Um que Gal nunca tinha visto até aquele momento.


- Uma lâmina acaba se tornando uma arma quando ela deixa de ser uma arma, para fazer parte de seu corpo. Verdadeiros guerreiros surgem quando eles compreendem a alma de uma espada e a unem com a própria vida. - Khalador dizia girando uma de suas espadas entre o dedão e o indicador, ainda não havia passado de meio-dia, e a gora o céu se iluminava sobre a cabeça deles, refletindo com perfeição formas próximas no lago. Gal o observava, parado entre ele e Benny. - Muitos dos escolhidos tem dons de combate. É quase que um padrão. Sempre há alguma arma com a qual você é muito bom, e ninguém lhe tirará esta capacidade.
- E como vai descobrir se eu tenho algum?
- Está mais do que óbvio, não? Vou descobrir na prática.
- Isso quer dizer que...
- Acertou. Pegue.
E o guerreiro jogou a espada que segurava para Gal. O garoto quase segurou pela lâmina, pelo menos seus reflexos foram rápidos o suficiente para pegar a lâmina corretamente pelo cabo. Naquele momento Gal pôde ver melhor o tipo de espada que Khalador usava. Ela tinha um cabo cinzento sem muitos detalhes, era simples. Sua lâmina se estendia por mais de um metro e era afiada dos dois lados. Também não havia nenhum tipo de decoração sobre ela. A espada era uma máquina de matar, pura e simplesmente.
Khalador puxou outra lâmina que se encontrava presa na bainha da cintura. E a manejou, enquanto continuava dando poucos passos.
- É uma simples espada de duas mãos. Espero que não se contenha. Pois eu vou atacar com tudo.
- Você o que?
Mas antes que pudesse formular a frase seguinte, Khalador avançou contra ele num piscar de olhos, engolindo cerca de três metros em três passadas. Gal levantou a lâmina rapidamente na horizontal acima da cabeça e segurou com força sobre o cabo com as duas mãos. Sua lâmina tilintou contra a de Khalador enquanto sentia o peso do golpe dele fazer todos os músculos de seu corpo tremerem. O guerreiro rapidamente arqueou novamente a lâmina acima da cabeça enquanto girava em torno de si, logo entrando mais um gole horizontal pela esquerda, na altura do braço. Gal se jogou para trás exatamente a tempo de ver a lâmina passar a poucos centímetros a sua frente. Entretanto não teve a mesma sorte no próximo golpe. Antes mesmo de ter tempo para respirar enquanto estava sentado no chão, sentiu a ponta da lâmina de Khalador encostada sobre seu pescoço.
- Te matei três vezes.
- T-Três!? Mas eu me esquivei dos seus dois primeiros golpes!
- Regulei na força do primeiro golpe. Quando uma lâmina vem por cima e sua espada é grande, você deve segurá-la nas duas extremidades, caso contrário não será capaz de suportar o peso da lâmina. E não estiquei meu braço inteiro durante meu golpe pela esquerda. Caso tivesse, você agora teria um braço a menos para enfrentar as sombras.
- Entendi. Você me matou três vezes.
- Sim. E de sobra descobrimos que você não tem dom algum em lutas com espadas.
- E agora?
- Ainda temos um belo arsenal.
E assim se passou praticamente a tarde toda. Khalador mostrou um compartimento dentro de Benny que estava cheio dos mais inesperados tipos de armas medievais. E Gal, apanhou de vários deles. Enfrentou a cimitarra e a katana logo depois da espada de duas mãos. Se muito sucesso. Adagas, maças e clavas também entraram na lista de itens de combate. Machados, garras e até mesmo chicotes foram os últimos itens da lista. Quando o sol já estava para praticamente entrar no lago, Gal estava com vários hematomas e pequenos cortes pelo corpo. E Khalador, parecia nem ao menos ter suado. Hórus, o tempo todo ficou dentro do transporte deles, consertando os mecanismos e os observando pela câmera tridimensional que captava tudo em volta do transporte, como se sua parede fosse meio transparente. Ele também tinha de ficar dentro de Benny porque o automóvel era o único meio de rastrear sombras e alertá-los de perigos.
Quanto a Gal, ele se pegava cada vez mais descrente que tinha algum tom em combates. Era impossível para ele, afinal. Se jogou na grama arfando pesado enquanto Khalador se sentava ao lado dele.
- Amanhã continuaremos.
- Amanhã? Espera. Espera. Você não me disse que as armas haviam acabado?
- E acabaram. Agora vem as de longa distância. Talvez tenhamos mais sucesso, afinal, o mundo de vocês é cheio de armas de pólvora.
- Te garanto que nunca fui bom no basquete e nos jogos de tiro.
- A maioria dos dons de um escolhido só surgem depois do seu primeiro contato com o Impiedoso.
- Claro. E como eu sinto que tenho o dom para alguma coisa?
O Guerreiro de cabelos negros se ajeitou, deixando sua lâmina ao seu lado. Tinha sido com ela que ele derrotou todos os armamentos que Gal havia empunhado.
- É uma boa pergunta. Nós pudemos perceber que existem dois tipos de dons. Aqueles passivos, como sua capacidade de fala. E os dons ativos, que você usa apenas quando deseja. O que estávamos buscando descobrir em você, era se sem querer, descobríssemos algum dom. Durante as batalhas.
- Mas como diabos faria para descobri-los?
- Bom... é difícil responder a isso. Eu me sinto apto a fazer. Uma emoção, uma sensação, algo vem de dentro de mim e explode dentro de minha alma. De repente, posso fazê-lo, tenho a capacidade. Como se sempre minha existência pudesse tê-la feito.
- ...
- O que foi?
- Realmente. Bem difícil responder. Não entendi bolhufas.
Khalador riu, acompanhado de Gal.
- Você vai entender quando chegar a hora.
- Assim eu espero. E alias, qual o seu dom, Lorde Khalador?
O Guerreiro lhe lançou um leve olhar acompanhado de um bom sorriso.
- Descobrirá quando for necessário usá-lo.
- Talvez esta seja uma boa hora, Khal. - Veio a voz de Hórus, abrindo a porta superior de Benny. Com uma cara nada feliz. - Temos problemas. Dois deles. E um não é melhor que o outro.

- Um grande contingente de Sombras está vindo pelo sul, irá cruzar o lago para cima de nós em menos de meia hora. Do outro lado, o radar detectou veículos deste mundo vindo em nossa direção numa boa velocidade. De alguma forma nos descobriram, e pelo que conheço de mundos parecidos com este, arrisco dizer que vieram nos prender ou coisa pior. O governo de vocês esconde muita coisa. Muita informação.
Hórus explicava enquanto seus dedos estavam quase a ponto de afundar no painel central. Khalador estava se armando enquanto ouvia as instruções, em menos de poucos segundos já tinha cinco lâminas na cintura. E algo que Gal não tinha visto antes. Havia uma sub-metralhadora presa por uma alça às suas costas. Khalador notou o olhar do garoto sobre sua arma.
- Temos de estar preparados para tudo, Gal. - E virou-se novamente para Hórus. - O que pretende?
- Fuga estratégica. Se sairmos agora em direção ao leste, teremos tempo para escapar de ambos os lados e ainda fazê-los se enfrentar.
- Não. - Disse Gal. - Esses caras que estão atrás de nós, tem a capacidade de vencer as Sombras?
- Sobre isso não sei dizer. Mas carregam um bom armamento. - Disse Hórus, depois de seus dedos brilharem em tons de vermelho e azul. - O problema é a Reciprocidade. A chance de sobreviverem todos não é muita.
- E nós, se nós fossemos enfrentar as Sombras. Venceríamos?
- Muito provavelmente. Mas é um risco a se tomar. As Sombras são interligadas. A partir do ponto em que uma notar e confirmar sua presença, todas que habitam o planeta saberão onde você está. Aconselho a fuga, talvez as Sombras desviem seu caminho para nos perseguir e eles não se encontrem.
- Mas com os equipamentos deles, vão acabar notando as duas presenças. Talvez vão para cima das Sombras pensando que tem total controle da situação. Caem na mesma. - Khalador interrompeu enquanto botava luvas de couro.
- Então, não podemos deixá-las passar. - Disse Gal, levantando-se impulsivamente. - Podemos ter mais mortes, e eu não quero isso.
- Gal. Mortes serão inevitáveis.
- Serão, eu sei. Mas pretendo impedir a maioria delas. Sou o Escolhido, afinal, não sou?
Khalador parou um pouco ao ouvir a última frase do garoto. Ele também agia assim, e entendia o que ele queria. Mas precisava ter uma certeza antes de tomar uma decisão final, ajoelhou-se de frente ao garoto e repousou suas mãos sobre os ombros dele enquanto olhava fixo nos olhos de Gal.
- Preciso que me responda algo, então.
- De preferência que seja rápido! - Gritou Hórus, já com seus dedos piscando em cores reluzentes das mais diversas. - Não quero deixar Benny em fogo cruzado, se é que me compreendem!
- Pode falar, Khalador.
- Só quero ter certeza. Não quer fazer isto por vingança, quer?
- Não. É por justiça. Não acho que devo deixar outros morrerem quando posso parar isto.
É o que a boca de Galahad disse. Mas no coração do garoto, ele sabia que bem no ínfimo, havia um pouco de vontade de se vingar. Não iria ser fácil esquecer a imagem de seu pai sendo morto na sua própria frente por uma daquelas criaturas. E Khalador de algum modo pôde sentir esta emoção. Mesmo assim, sabia ainda que grande parte de seu objetivo ainda era nobre. Abriu um leve sorriso e virou-se para Hórus.
- Vamos enfrentá-los. Temos de derrubar todas as Sombras, ou pelo menos a maioria deles antes que os humanos deste mundo apareçam por lá. É melhor evitar confusões agora. No mais...
E Khalador brandiu uma de suas lâminas.
- ... Agora estamos obedecendo as ordens do escolhido. Exatamente a nossa parte da missão. O serviremos, cobrindo seus passos em direção aos outros sete.

Explicando melhor agora, Benny era como Hórus chama seu Strond-Travel, veículo de combate que veio de seu próprio mundo. Benny é construído com um metal completamente desconhecido no mundo de Gal, tendo sua resistência sendo muito maior que a do diamante. O veículo é triangular quando visto de cima, levemente inclinado sobre a roda da frente. Suas rodas são outro ponto importante, são gigantescas rodas de mais de dois metros e meio de altura, com espessura de exatos um metro e meio. Feitas de borracha blindada, outra exclusividade do mundo de Hórus. O veículo possuí dez assentos espalhados por dentro dele, e seus mecanismos funcionam, a início, pelos chips de Hórus. Embora possa ser modificado.
Benny disparou sobre a água do rio, e correu por cima dela na velocidade de Match 1. Que ocasionou em o Lago abrir-se ao meio após sua passagem. O veículo tinha protetores para quem estivesse dentro deles, de modo que Gal, Hórus e Khalador mal sentiram ele se mover. Do outro lado do lago existia o prolongamento de uma floresta de pinheiros, que Benny acabou por destruir enquanto a cruzava. Hórus agora estava completamente mergulhado no painel, de modo que cada movimento dele fazia uma série de botões brilharem. Um radar na tela à esquerda do pequeno motorista mostrava a aproximação das sombras. Pequenos pontos vermelhos em volta do ponto verde central. Eles. Num movimento dos dedos, Hórus fez Benny frear bruscamente no meio da floresta. Agora a noite já caía e o sol já havia se posto.
Gal se levantou de seu lugar e tocou no ombro de Khalador, quando ele já abria a porta de cima para sair de Benny. O guerreiro virou-se para o garoto.
- O que foi?
- Quero ajudar também.
- Bom. Com uma espada que não vai ser.
- Então, me dê algo para fazer. Não quero ficar parado assistindo.
Khalador pareceu ir contra a idéia, mas aceitou-a. Caminhou até um pequeno compartimento na esquerda e de lá, puxou uma pistola que deixou na mão de Gal.
- É automática. Destrave puxando aqui, e depois atire. Espero que tenha um mínimo de mira. Fique na entrada de Benny e me dê cobertura. Só espero que não me acerte, tem doze tiros.
- Não vou. - E Gal segurou com firmeza a pistola.
A porta se abriu e Khalador saltou para fora, logo em seguida Gal subiu as escadas ficando com metade do corpo para fora e pistola apontada. Hórus ativava o sistema de segurança de Benny e os faróis se ligaram. Os pontos vermelhos pararam de se mover no radar, estavam a menos de vinte metros deles, mas as sombras da floresta os ocultavam.
- Aguardem a ordem.
E um silêncio mortal pareceu assolá-los por poucos segundos que mais pareciam horas. Khalador estava de pé, em cima de Benny, que segundo ele, era a parte mais vulnerável do veículo. A arma de Gal apontava para o nada no meio das árvores enquanto ele tentava sentir algo se movendo.
Num segundo as luzes vermelhas avançaram.
- Agor... - Hórus iria gritar. Mas fora interrompido.
Uma sequencia de tiros foi disparada contra a escuridão, e logo em seguida, uma enorme figura negra tombou para onde a luz dos faróis de Benny iluminava. Com belos buracos na face. Khalador se deixou levar pelo susto e arregalou os olhos, enquanto entendia o que estava acontecendo. Virou-se para trás rapidamente.
A arma na mão de Gal não tremia, e os olhos do garoto não pareciam mais o mesmo. Eram olhos precisos e profissionais. Fumaça saia pela ponta da pistola que era segurada por um pulso firme de Galahad. Khalador abriu um sorriso.
- Aí está seu dom, Escolhido.
E logo em seguida o guerreiro saltou para cima de uma sombra que avançava contra Benny. O combate começava. Leia até o fim...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Infinitas Máscaras




- Olá, Benny.

A voz falou pra mim. Como se mais nada tivesse para se ocorrer numa noite chuvosa e triste. Ela veio do nada, como se meus próprios ouvidos estivessem criando os sons para que eu pudesse ter algo para ouvir. Olhei para os lados. E nada apareceu em vista.

- Faz tempo que não me ouve.
- E quem é você?
- Seu amigo. Talvez o primeiro que teve.
- Como?
- Exato. Nas noites mais tenebrosas, eu lhe dei a paz necessária para fechar os olhos e dormir tranquilamente. Nos seus dias mais tristes, eu lhe dei a sabedoria para seguir em frente. Nos seus momentos mais críticos, eu lhe antecedi, lhe empurrando e dando-lhe coragem. E talvez, até nos seus dias mais normais, eu estava presente. Sempre estive. Mas agora, parece não mais me ouvir.
- Como é!?
- Viu só? Chega a ser tão simples, que você mesmo prova isso para mim.

Aquilo estava ficando cada vez mais louco. Eu não me lembro de ninguém. Nunca houve alguém daquele jeito, que esteve presente ao meu lado desde meu nascimento. Quero dizer, meu pai morreu quando eu ainda era um pivete, e era um bêbado desgrenhado antes disso. Já a minha mãe, trabalhava tanto para me dar um pouco de comida que quase não a via na casa. Ela não era uma mãe presente, embora não tenha do que culpá-la. Me virei novamente, levantando-me do sofá e vendo se realmente não tinha mais ninguém.

O que mais curiosamente me chamava a atenção. Era que. Eu não temia. Simplesmente não conseguia ter medo de uma voz misteriosa e sem dono.

- Tudo bem. Tente ser mais claro para mim.
- Eu surjo, sempre que você mais precisa de mim. Não há outro momento para eu aparecer.
- Do estilo... Uma fada madrinha?
- Mais que isto. A minha ajuda não mé mágica. Apenas sussurro o que precisa saber para que você mesmo faça o que é certo. Uma fada madrinha não lhe cobra este esforço, e te deixa fraco. Isto, eu não faço. Alguém que evolui, deve assim se fazer, sozinho. E sem ajuda de ninguém.

Não compreendia onde ele queria chegar daquela forma.

- Então, o que diabos é você?
- Sou algo que você destrói sempre que ergue a voz. Sou algo que se refaz sempre que o som se esvai. Sou algo que pode ser o terror, e também a paz. Muitos são meus nomes, embora um em especial me agrada.
- Você só pode ser louco.
- É outra de minhas alcunhas. Também posso trazer a loucura. Como também posso fazê-la parar. Basta um outro ponto de vista e você verá outra de minhas infinitas faces.
- Tá. Chega. O que é você!? Diga, ou me calarei!
- Se cale, então.

Ele duvidou, e eu assim o fiz. Fechei minha boca e não disse mais uma única palavra. Mas logo a voz dela voltou, agora, mais alta e poderosa que nunca. Quase chegando a ser ensurdecedora.

- QUANDO CALADO, EU CRESÇO!
De imediato, pus as mãos sobre os ouvidos e me encolhi no sofá.
- Diga de uma vez! O que é você!?
- Ainda não percebe? Benny. Eu sou o silêncio.
- O Silêncio?
- Exato. Nota agora, minha presença?
- Mas... como diabos, silêncio!? Não tem lógica. É algo abstrato.
- Pareço abrstrato?
- Parece.
- Então eu assim sou. É outra alcunha minha.
- Não, sem mais enigmas, me diga, me explique, porque o silêncio está falando comigo?
- Porque finalmente, me deu a chance de falar com você. E isso, Benny, pode ser sua salvação. Como também pode ser sua última queda. Isso depende de você.
- Depende. Depende. Depende do que?
- De como reage a minha presença. De como reage ao ato de mais nada existir ao seu redor, a não ser a minha vida. A não ser minha magia. O que faz sobre isto, Benny?
- E eu vou lá saber!?
- Deveria. Está escrito no seu coração. E só você pode ver, de dentro da sua alma.
- Alma!? Está louca. Só pode.
- ...
- O que!? Agora quer ficar calado, é!? Vamos, levante-se.
- ...
- Parece que lhe calei, não!? O que foi, estou falando alto DEMAIS!?
- ...
- Vamos. E agora, porque não fala, Silêncio? Hah! Já sei, assim você desaparecia não é!? Só pode ser loucura sua, aparecer assim! Ainda mais no meu estado! Já não tenho mais nada. Minha esposa me deixou, minha filha morreu e meu negócio foi para a merda! Nem mesmo esse puto sofá é meu!

E me levantei apontando para meu cômodo. Ex-Cômodo.

- Agora, se você está sempre ao meu lado, me apoiando, me aconselhando e me dando coragem, porque não apareceu!? Era a hora que mais precisava de você! O pior momento da vida que eu tive! E você não estava lá, simplesmente não estava. Porque, responda-me!
- Não estava, Benny. Pois você não me permitiu.
- Como é?
- Sempre que me aproximava, você me jogava para o lado. Se iludia. Se destruía. Se dilacerava sem notar que assim o estava fazendo. E ainda o faz.
- Besteira! E-Eu... Eu sempre tive tempo para você!
- Teve, Benny. Mas não respeitou isso. E agora, o que teu coração diz, já mostra como devo me por diante de você. Sua alma pediu pelo seu destino, e aqui estou, para dá-lo.

E depois daquele dia, fui internado num hospício. Sempre que me calava, o Silêncio gritava na minha mente. Explodia meus tímpanos, quando na verdade não ouvia nada. E quando eu destruía o silêncio com gritos, me injetavam toxinas. Me dopavam e eu dormia. Onde o silêncio me dominava por completo e me dava os piores pesadelos que jamais tive. Foi talvez a pior época de minha vida. O silêncio é lindo, mas certas vezes, ele pode ser o mais macabro dos seus inimigos.


Imagem: -SiLeNCe- by =day-light
Leia até o fim...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Acredito




Eu acredito. Sabe? Quando dizem sobre várias coisas e tudo mais? Pois é, eu acredito. Acredito que os EUA nunca pisaram na lua. Acredito em aliens. Acredito que eles já tenham feito contato conosco. Acredito que existam aliens bonzinhos e malvados. Como também acredito piamente que eles nos observam a muito tempo. Acredito também em reencarnação. Acredito em vidas passadas e acredito que já fui outra pessoa em outra vida. Acredito também no poder da vontade. Acredito que o homem ainda pode mudar seu jeito de pensar e agir. Acredito que ainda notaremos para que fim estamos indo. Mudando de assunto. Acredito em Deus. Acredito em Buda e no Nirvana. Acredito em Alá e em todas as crenças de seus seguidores. Acredito em como a fé pode fazê-los grandes atos. E Acredito também que existam os Deuses Nórdicos e Gregos. Acredito nas hitórias que me contam. De Vampiros, De Fantasmas, De Aparições, De Magia, De Paranormalidades. Acredito na magia que um Livro pode trazer. Como também Acredito que existam livros que não tragam magia alguma. Acredito na Honra e na devoção dos cavaleiros da Terra-média, assim como acredito que o povo das Fadas e os Humanos ainda irão se entender. Acredito nos contos dos amigos do Conde Baltimore e sem dúvidas Acredito na história de como Nihal e Sena salvaram o mundo Emerso. Acredito no multiverso. Acredito nos vários universos e naqueles que podem cruzá-los como Lyra e seu pai e sua mãe. Acredito. Acredito. Acredito.


Só não acredito não falam que tudo é uma grande farsa.


Porque então, do que minha vida está preenchida?








Imagem: I've lost my mind by *Miss-Deathwish

Leia até o fim...

domingo, 3 de janeiro de 2010

O que te para?





O que te para?
Incertezas do Futuro e Remorsos do passado,
Medo da Morte e a Busca pela segurança.
E por isso permanece, parado. Calado.
Como o castigo de uma criança.

O que te para?
Aquilo que outros dizem e o que deixam de dizer,
O que pensam sobre e a possibilidade de ser enforcado.
E por isso, para trás deixa seu verdadeiro ser.
Como qualquer ator fracassado.

O que te faz hesitar?
A capacidade de pensar duas vezes sobre um ato,
Os riscos que podem vir e seu fulo egoísmo.
E por isso, aguarda irreverente o ultimato.
Como em todo transeunte, é visto.

Agora.
O que te faz viver?
O que te faz lutar?
O que te faz mover?


Qual o seu sonho?







Imagem:What is Stopping you? By Boss13055 Leia até o fim...

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