sábado, 22 de maio de 2010

O Criminoso Cortês

ㅤㅤㅤㅤ – E quem diria que esse momento chegaria, heim, Punho Firme? - Língua Preta riu alto, saindo do meio do grupo de homens armados que fechavam a saída do escritório de Punho Firme. O Chefão estremeceu nas bases ao ver Língua Preta ali.
ㅤㅤ – Então, era mesmo você, teu pedaço de merda.
ㅤㅤ – É. Tô aqui pra ver a cena que mais esperei a vida toda...
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ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ~
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ㅤㅤ – É. Este mesmo.
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ㅤㅤ E Túlio “Punho Firme” sorriu, mostrando os dentes amarelados em contraste com os de ouro. Nem ele mesmo ainda tinha total certeza da razão de seus últimos atos, mas só sabia que aquilo o alegrava. E o que alegrava o Punho Firme sempre deve ser feito, como era dito no submundo do crime organizado de Ponta-Porã. A cidade fronteira entre Paraguai e Brasil tinha um altíssimo índice de criminalidade, mas nada perto do real. Afinal de contas, os grandes chefes do submundo tem seus homens espalhados até as entranhas mais profundas da política.
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ㅤㅤ – Tem certeza, Seu Punho Firme? O moleque parece tão magrela.
ㅤㅤ – É ele mesmo. - E Punho Firme virou-se, caminhando até a saída. Sua ordem não seria questionada mais do que uma vez. E se fosse, não seria mais pela mesma pessoa. - Vô estar esperando no carro. Te apressa, Lingote.
ㅤㅤ – P-p-pó deixar. Ele já tá indo. - Foi tudo que Lingote conseguiu falar.
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ㅤㅤ O lugar era precário, ficava numa sala fechada com porta de metal, que ficava num porão de uma boate, que ficava no subsolo de um prédio que caía aos pedaços. A multidão dava espaço para Túlio passar, murmurando qualquer coisa enquanto abaixavam a cabeça. Toda aquela algazarra não era do gosto dele, mas Punho Forte sabia muito bem que era num lugar daqueles que seus produtinhos de qualidade vendiam aos montes.
ㅤㅤ Seus passos se apressaram conforme a saída se aproximava, de forma que seus últimos passos foram dados quase que correndo, até finalmente um de seus homens lhe abrir a porta da saída e ele se deparar com as escadas que levavam até a superfície. Dali, sentiu o ar fresco e respirou melhor, observando com o canto do olho a porta da boate, com um sorriso de escárnio na face. E quem disse que a escravidão terminou? Bando de babacas. Pensou ele, tendo já visto diversos fatos que contradiziam as leis da constituição. Prostitutas que deviam a vida, Órfãos filhos de marginais mortos, Homens endividados. Todos se podiam comprar. Todos eram escravos.
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ㅤㅤ – Punho Firme, bora pro carro. Aqui perigoso. - O gigante Golias veio acudir o chefe. Ele era o mais velho dos funcionários de Túlio, e talvez um dos únicos que nunca teve algo amputado pelo poderoso chefão. Também, sua vida se resumia a proteger o Punho e acatar suas ordens sem questionamentos. Sua inteligência quase nula ajudava a fechar o círculo de qualidades do sujeito que tinha os dedos cheios de anéis de ouro e outras pedras. Se Túlio, até aquele momento, acreditava que alguém não o fosse traí-lo, esse alguém era Golias.
ㅤㅤ Entrou no carro e afundou no banco da caminhonete, enquanto Golias sentava ao seu lado, e mais dois seguranças no banco da frente. Havia mais três capangas do lado de fora, atentos a qualquer brusco movimento. E, não demorou mais do que alguns segundos para este acontecer: Lingote saltou da porta, afobado como sempre, trazendo consigo um menino. Os três capangas automaticamente se viraram para o mercador de escravos com armas prontas. Lingote levantou as mãos, deixando suas pizzas de suor a mostra por debaixo das gorduras do corpo velho, cobertas pela camisa de botão florida.
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ㅤㅤ – Opa! Opa! Opa! É pro patrão! É pro patrão! Te acalma aí, capangagem! - Falou, empurrando o menino para frente enquanto seguia logo atrás subindo os poucos degraus. Passou entre os homens de Punho Firme e abaixou-se frente a janela do Chefão. - Tá aqui o garoto, Seu Punho Firme.
ㅤㅤ Túlio observou o menino uma última vez e sorriu novamente, em seguida abrindo a porta e fazendo o garoto entrar. O moleque de cabelo crespo e desgrenhado sentou-se sem soltar um pio, com cabeça baixa e retendo as mãos dentro dos bolsos da calça em trapos que usava. Punho Firme olhou para o menino ao seu lado uma última vez, e em seguida virou-se para Lingote.
ㅤㅤ – O pagamento virá amanhã, sem falta.
ㅤㅤ – P-p-pode levar o tempo que quiser, Seu Punho Firme.
ㅤㅤ – Tá. Tá. Até mais, Lingote. - E o carro acelerou.
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ㅤㅤ Uma vez voltando para casa, Túlio virou-se e encarou o menino.
ㅤㅤ – Qual teu nome, moleque? - Mas não houve resposta.
ㅤㅤ – Não me ouviu não? Te perguntei teu nome, guri! - O menino se encolheu, mas nada falou.
ㅤㅤ Túlio respirou fundo e conteve Golias, que já estava prestes a dar um tabefe no menino. Ajeitou-se no banco da caminhonete, desta vez ficando frente-a-frente com o menino órfão. Pegou o moleque pelo queixo e o aproximou de si.
ㅤㅤ – Certo. Já entendi. Se quer assim, vamos pelo meu jogo. - E sorriu, deixando seu bafo terrível escapar. - De agora em diante, tu é Carlos. Carlos “Língua Presa”.
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ㅤㅤ O apelido de chacota não durou mais que alguns meses. Logo, Carlos Língua Presa havia se tornado Carlos Língua Preta, apelido que causara medo nos anos conseguintes. E já acompanhava o Punho, onde quer que ele fosse. O menino de doze anos ou menos tinha os olhos atentos, mas pouco ou quase nada falava. Mesmo assim, seguia fielmente as ordens de seu tutor.
ㅤㅤ Aprendia na prática e na teoria tudo que Punho Firme aprendera sem nenhum professor. Recebia conselhos e dicas sobre como agir na vida. Sobre como mentir e a hora certa de trair. Via Punho Forte honrar sua alcunha ao cobrar a dívida dos que estavam em sua mão, como usava Golias para amedrontar a qualquer besteira que tentassem. O menino tinha um mestre genial do mundo do crime.
ㅤㅤ E ele também tinha o dom.
ㅤㅤ Sempre que Punho Forte pedia para ele intervir, ele agia com uma classe descomunal. Suas palavras, quando pronunciadas, eram tão ácidas e ameaçadoras que faziam até os mais endividados pagarem suas contas com Punho Forte. Ao mesmo tempo, as mesmas palavras era doces e sutis, sempre que era necessário negociar com gente importante. Era dali que sua alcunha mudara para Língua Preta. O comércio de Ponta-Porã, o contrabando de drogas e a cobrança de dívidas foram dominadas plenamente pela mente jovem do garoto.
ㅤㅤ Ele compreendeu como deveria se portar diante de outros nomes famosos, como Juan Del Montevidel, um Paraguaio que chefiava todas as bocas de fumos do outro lado da fronteira. E em que momentos deveria ousar quebrar os tratados que eles fizeram. Entendeu também como deveria implantar o terror nos seus atos, usando de Golias para ameaçar e torturar as pessoas. Assim, acostumou-se a cenas horríveis, como ver um homem preso a uma cadeira enquanto levava pregos nas unhas, e outras coisas do tipo.
ㅤㅤ E Túlio ia, aos poucos, se dando conta de que algum dia, o menino iria até mesmo traí-lo. Uma coisa óbvia. Mas que ele não aceitava de modo algum. Se negava a concordar, pois, em Carlos, Túlio via a única coisa que ele realmente procurava. Um legado. Ele era aquele que iria sucedê-lo. Era para isso que o comprara de Lingote. Em algum lugar atrás dos dentes de ouro e da mente perversa do contrabandista de renome, havia uma fagulha de paternidade que surgira pelo garoto que ele criava, já fazia uns poucos anos. Língua Preta já tinha mais de seis anos juntos de Punho Firme. Ele crescia e tomava fama com facilidade. Ele crescia e roubava a fama de Punho Firme com facilidade. Mas o Punho, começou a afrouxar, e ignorou tudo aquilo. Vivendo o terror mental ao mesmo temo que a felicidade familiar.
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ㅤㅤ – Caralho! Porra! Cacete! - Xingava sem parar enquanto jogava os papéis para o lado. O último semestre tinha sido o pior de todos que Punho Firme já tivera enfrentado. Uma batida da polícia organizada após denúncia anônima fora feita e ele perdera grande parte de seu estoque de drogas. Também, Juan Del Montevidel declarou oficialmente Túlio como seu inimigo, visto que conseguiram pegar alguns vendedores da droga de Punho Firme na zona de Montevidel durante quatro semanas seguidas. Isso causava uma série de ataques e tiroteios a suas bocas de fumo e aos laboratórios onde ele produzia a droga. Tudo estava indo ralo abaixo, e apenas a cobrança de Dívidas agora parecia sustentar a mansão de Túlio. Mansão feita após anos de contrabando, que agora falhavam cada vez mais.
ㅤㅤ – Que merda. Porque diabos tá acontecendo tudo de uma única vez? Tá tudo caindo pro meu lado, cacete! - Falava consigo mesmo. Um hábito que nunca perdera. - E agora? O que tu vai fazer Punho Forte!? Porque essa merda toda!?
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ㅤㅤ Não teve tempo de responder a si mesmo. Todos seus pensamentos se desligaram quando as luzes da mansão se desativaram, assim como o resto da energia. E só então notou: Aquela merda de casa estava quieta demais. Num intuito forte e fugaz, resolveu chamar por Língua Preta. Talvez por acreditar que ele pudesse lhe dizer o que ocorria. Talvez para ter certeza que ele não estava envolvido naquilo tudo. Ou talvez, retida no âmago de sua mente e sentimentos, era simplesmente o fato de tê-lo por perto, diante de um mau presságio.
ㅤㅤ O fato era que, a energia da mansão nunca fora cortada. E quando fosse, haviam geradores no porão. O que levava Punho Firme a pensar que realmente não era tudo tão simples assim. Mal se levantou de sua cadeira no escritório para correr pelos corredores enquanto puxava o celular, a porta se abriu. A figura troncuda de Golias se formava na penumbra.
ㅤㅤ – Hah, Golias! Demorou! Que porra está acontecendo? - Não houve resposta.
ㅤㅤ – Golias! Que houve!? Além de burro está virando surdo? - Novamente, nada.
ㅤㅤ – Não está escutando, maldito!? Me responde, caralho! - E nesse momento as luzes se acenderam novamente. Golias estava na porta, com um pano molhado na boca e um corte aberto na garganta, pela qual vazava seu sangue viscoso. Seus olhos estavam tortos e sem vida, assim como o resto de seu pesado corpo. Ele tombou no chão, ao mesmo tempo que Punho Forte puxara a pistola da cintura, mirando para a porta. As mãos tremiam e ele estava com os olhos arregalados. O pegaram desprevenido.
ㅤㅤ E, um a um, mais corpo foram jogados sobre a porta. Um, dois, três, quatro... Os treze seguranças da ronda caíram mortos, amontoados em cima do grande corpo de Golias. Todos tinham quase o mesmo tipo de ferimento. Ou tiros – que Punho Forte deduziu terem sido disparados com silenciadores – ou com marcas de cortes largos na garganta. Assim que o último homem tombou, começaram a entrar na sala, um a um, os assassinos. Todos usavam óculos escuros e estavam vestidos o mais vagabundamente possível. Túlio sentiu o cheiro de álcool vindo deles, paraguaios imundos. Surgiram cerca de dez homens que entraram na sala e foram ocupando aquele lado da mesma.
ㅤㅤ Punho Firme sabia que não poderia atirar. Um tiro liberaria para que eles acabassem com a raça do Punho. Uma pistola não daria conta de sub-automáticas e tantas outras armas que eles portavam, apenas afastou-se lentamente e apoiou a cintura sobre sua própria mesa. No exato instante em que Juan Del Montevidel surgiu na porta, usando o mesmo terno social apertado e fedido que sempre usava.
ㅤㅤ – Ora, ora, ora. Nunca esperei que seria tão fácil encontrar Fuerte Muñeca.
ㅤㅤ – Tch. - Túlio cuspiu no chão, contendo toda sua raia no range de dentes que só ele ouvia.
ㅤㅤ – Parece que chegou a hora de eu acertar as contas contigo, ninõ.
ㅤㅤ – Não há nada para acertar, Montevidel, leve seus homens embora.
ㅤㅤ – Huh. Usted eres tão maldoso! - E ele fez a melhor cara de escárnio que tinha. Antes de se recompor, num olhar sério. - Acorde, Fuerte Muñeca, tínhamos um acordo e usted não o honrou. É hora de pagar.
ㅤㅤ – Claro. Vai meter bala em mim e não ganha nada. Genial você, Montevidel.
ㅤㅤ – Tch! - Montevidel pareceu claramente se irritar com Punho Firme. Justamente por ele ser firme até num momento daqueles. - Certo! Certo! Se é assim, vamos ver o quanto usted consegue argumentar agora! Tragam el niño!
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ㅤㅤ – E quem diria que esse momento chegaria, heim, Punho Firme? - Língua Preta riu alto, saindo do meio do grupo de homens armados que fechavam a saída do escritório de Punho Firme. O Chefão estremeceu nas bases ao ver Língua Preta ali.
ㅤㅤ – E-então, era mesmo v-você, teu pedaço de merda. - Conseguiu gaguejar.
ㅤㅤ – É. Tô aqui pra ver a cena que mais esperei a vida toda...
ㅤㅤ Uma máscara de anos juntos se quebrou naquele dia. E toda a ilusão na qual Túlio vivia desmoronou. Ele sempre sabia da verdade: Não era lógico que Língua Preta fosse sempre leal a ele. Era um garoto que nascera no mundo do crime, e sabia muito bem a ambição que tinha. Ele ensinara tudo ao garoto e agora, aquela era a alforria dele.
ㅤㅤ Mas mesmo assim, mesmo tendo total certeza do que Língua Preta fazia, só agora lhe doía. Só agora seu peito explodiu numa dor que ele mesmo nunca pensava que teria: A dor de perder um familiar importante. Pois afinal de contas, aquele menino que ele criou acabou ganhando uma importância sem tamanho. Mesmo com os tratamentos frios que Punho Firme e Língua Preta mantinham a maior parte do tempo.
ㅤㅤ – Entendi. - Túlio disse por fim.
ㅤㅤ – Entendeu o que, Muñeca!? - E Montevidel riu, mais atrás. - Yo no voy hacer nada mais. Acho que su niño pode terminal o serviço aqui!
ㅤㅤ – Hah, se posso, Montevidel. - Completou Língua Preta, virando-se para trás para encarar o seu aliado. E novamente virou-se para encarar seu tutor. - Bom... Acho que não duvida de mais nada, não é? Abriu seus olhos?
ㅤㅤ – Nem abri nada, cacete. Eles sabiam desde o princípio que este dia ia chegar.
ㅤㅤ – E que dia seria este, Punho Firme?
ㅤㅤ – O dia da sua filha-da-putagem, claro.
ㅤㅤ – Feh. - E riu para si próprio, o garoto. - Certo.
ㅤㅤ – Vamos logo, termina com essa merda.
ㅤㅤ – Quer ser tão rápido assim?
ㅤㅤ – Sim. Vambora, bostinha.
ㅤㅤ – Como desejar. Aqui está... - E as palavras seguintes, Língua Preta sussurrou. De modo que ninguém ouvisse, mas que Punho Firme entendesse claramente com leitura labial. - Minha Lealdade sem fim.
ㅤㅤ Língua Preta retirou do bolso um pequeno dispositivo e jogou contra Punho Firme. No segundo seguinte ele se virou para trás, surpreendendo a todos quando levantou a arma para Montevidel, que arregalou os olhos. Cinco tiros foram disparados contra o corpo do gordo paraguaio, antes que seus capangas agissem, estraçalhando o garoto com tiros.
ㅤㅤ E ali, Túlio não entendeu nada. Ele conseguiria aceitar que Língua Preta o traísse. Era algo que, mesmo duro de aceitar, graças a emoção humana, fazia sentido. Mas agora, ele nunca conseguiria imaginar que Língua Preta morreria e ainda servisse lealdade a ele até o último momento. Nunca iria esperar que o garoto pudesse engenhar um plano tão bom quanto trazer Montevidel e seus melhores capangas para dentro de sua mansão. Um plano suicida, mas genial.
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ㅤㅤ – C-c-carlos. - Gaguejou. - L-língua preta, caralho...
ㅤㅤ E nem notou quando alguns tiros começaram a atravessar seu corpo em diversas partes. Não que aquilo importasse muito. Sentiu a dor, mas nada como a dor que acabara de notar: Seu Filho, Carlos, morreu para ele. Antes de receber o quinto tiro de bala, Punho Firme apertou o dispositivo que Língua Preta havia jogado para ele.
ㅤㅤ Uma explosão aconteceu atrás dos capangas e tudo que Punho Firme viu a partir daquele instante; fora poeira, fumaça, destroço e fogos.
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ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ~
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ㅤㅤ – Tem certeza mesmo, Seu Punho Firme?
ㅤㅤ – Puta merda, Lingote. - E o velho chefão tomou fôlego. - Quer continuar a me questionar?
ㅤㅤ – N-não, é só que....
ㅤㅤ – Vá para o inferno. - E um tiro aliviante foi disparado pelo capanga do velho Punho Firme. E Lingote caiu morto no chão, ao lado de um menino de cabelos desgrenhados e crespos. Túlio já estava velho, mas um sorriso estava mantido em seu rosto, marcado por cicatrizes de explosão e queimaduras. Assim como todo seu corpo parecia debilitado e frágil. Mas Punho Firme ainda sorria. Aquilo o alegrava. E como todos sabiam, o que alegrava Punho Firme, deve ser feito sempre.
ㅤㅤ – Qual o seu nome, garoto? - Não houve resposta.
ㅤㅤ – Certo. Já entendi. Se quer assim, vamos pelo meu jogo. - E sorriu, deixando seu bafo terrível escapar. - De agora em diante, tu é Antônio. Antônio “Língua Presa”.
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