quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dream Breaker

Não fiz correções, avisem caso encontrarem qualquer erro. 





Número de Série: 217-AB-38. Sou uma máquina de matar, construída pela NewDreams Corporation para serviços contratados. Fui feito sobre forma humanóide, e, para ser bem visto e aceito em qualquer sociedade, também me deram altos padrões de características positivas. Ou, como meu criador diz: “ É melhor um robô galante do que um Gordo Nerd. ” Nunca entendi a frase por completo, mas nunca questionei meus superiores, não tenho permissão e nem capacidade de tal ato. Sou uma máquina, afinal.
O principal objetivo de todas as minhas missões já efetuadas foi uma só: Assassinato. Já me envolvi diversas vezes, e em algumas, cometi falhas que levaram a intromissões dos Oficiais de Estado e Policiais. Mas, graças ao grande poder da NewDreams, as investigações nunca seguiram a diante. E assim, sigo cumprindo minhas metas conforme elas são anexadas a mim. Sem questionar, Sem contrariar. Apenas aceito a missão e vou cumpri-la.

Aquela, era mais uma missão de assassinato. Me recordo de data, hora e até mesmo a tonalidade de voz com a qual me foi dita a missão. Mas, como meu Criador meu aconselhou, não entro em detalhes minuciosos, isso não é do agrado de humanos. Por isso, serei bem breve. A Missão era um pouco diferente das demais: Devia vigiar. E, quando recebido o sinal, Assassinar.
No dia seguinte fui apresentado ao alvo.
- Querida, este é seu novo segurança. - Disse meu contratante.
- Desde quando pedi mais um para ficar na minha cola, papai!? Já chega disto! - Respondeu meu alvo, saindo do quarto.
A garota que tinha minha atenção deveria ter cerca de, no máximo, vinte e dois anos. Pela análise corporal, ela é considera atraente e sedutora para padrões humanos. Embora eu não tenha sentido nada com relação a ela. Tinha olhos azuis e um cabelo loiro claro. O contratante dos Serviços da NewDreams Corporantion era seu pai. Não fui informado de nomes, não me era necessário, mas sabia que era um grande mafioso. Tudo por dedução simples de vestimentas e rotinas.
E assim, me infiltrei na vida da família. Quase sempre andava calado, observando a garota, e andando dois metros atrás dela. Não haviam mais outros seguranças além de mim. A garota – que a início nem ligava para minha existência, começava a periodicamente me observar, e quando eu a notava, perguntava se havia algo errado. Mas nunca recebia uma resposta com sentido.
- Tem algo errado em mim? - Perguntei um dia que ela me observava durante uma caminhada num parque. Ela desviou o olhar e corou.
- Na.. Nada errado. Nada. - E continuou andando. - Escuta. Você, pode se aproximar mais de mim, se quiser...
- Está sentindo algum risco, Senhorita?
- Não... - E ela parou para pensar. - Quero dizer, sim! Estou com medo de que algo possa acontecer! Não poderia ficar mais perto de mim?
No mesmo instante, analisei a área do parque. Fora a mim mesmo, não havia mais nenhum risco para a vida da garota por perto. Mesmo assim, me aproximei alguns passos a mais do que os típicos dois metros de sempre.
- Não há nada de errado.
- E o que importa? Como tem certeza disto, alias? Seu trabalho é me dar segurança! Venha, se aproxime mais. - E quando dei mais alguns passos, ela agarrou meu braço e ficou grudada nele. Pelo sorriso que ela mantinha, ela parecia feliz pela minha companhia. Embora eu nada soubesse do assunto, afinal, não conhecia felicidade.

E com o tempo, mais ela tentava conversar comigo. Eu não entendia muito, mas respondia sempre que continha a resposta correta ou a que imaginava ser correta. O pai dela, meu contratante e o único que podia me autorizar a matá-la olhava tudo com bons olhos. Não entendia o que pretendia, até porque, sentimentos não são compreendíveis por uma máquina. Mas pela análise de padrões de expressões, ele parecia, como meu criador dizia: Macabro.
Mas isto não era do meu interesse. Alias, eu não devo ter interesse algum, apenas metas e como cumpri-las. E por isto, lá estava eu, novamente acompanhando a Senhorita Wallhard de perto, ela segurava em minha mão e os dedos estavam entrelaçados com os meus. Não compreendia aquilo, mas tudo indicava que ela tinha se apaixonado por mim, uma máquina. Entretanto, meus pensamentos sobre aquele dia foram bruscamente interrompidos quando ela parou, e me fez parar junto. Seu olhar estava triste, e ela o desviava de mim. Talvez eu fosse a fonte de seus problemas. Voltei até ela.
- Algum problema, Senhorita?
- Não.
- Desculpe discordar mas, parece estar com um.
Como eu tinha de aparentar ser humano, tinha de discordar de certas coisas ditas por eles.
- É que...
- Pode dizer, Senhorita.
- O que eu preciso fazer para te conquistar? Droga! - Explodiu ela.
- Não entendo o que quer dizer, Senhorita.
- Claro que entende! Tá na cara! Eu gosto de você, mesmo você sendo mais um segurança idiota contratado pelo meu pai pra ter um olho em mim! Só que... Você é diferente. Seu mistério acabou me cativando e agora... Agora não sei mais o que fazer! Droga!
- Senhorita, ainda não compreendo ao certo o que deseja.
- Eu desejo você! Droga!
- Se é o que deseja, não vejo porque não aceitar, Senhorita.
- O que?
- Isto mesmo.
- Você... Você tá falando sério?
- Já me viu de brincadeira?
- Não é só que.. Que... - E ela se calou e me beijou. Por sorte, tenho uma interface humana que foi feito devidamente para estas ocasiões. Ou seja, ela não beijou uma massa de ferro, e sim uma réplica perfeita do interior de uma boca humana.
E assim seguiram-se os dias. Meu alvo pareceu agora ficar mais próximo de mim do que nunca. Sempre me acompanhando, até quando não estava em serviço. Para quase qualquer lugar, ela me acompanhava. Talvez, caso sentisse emoções, eu teria me sentido extremamente feliz e agradável ao lado dela. Ou teria sido uma extrema chatisse aguentá-la. Mas como eu não sinto nada disto, foi apenas parte da missão estar sempre junto da garota. E assim meses se passaram. O contratante parecia estar gostando de tudo aquilo, e por isso, pagava sem remorso as contas mensais pelo meu aluguel para a NewDreams. Cheguei até a supor que ele gostaria que eu ficasse assim por alguns bons anos.

Mas minha hipótese foi falha. Oito meses depois de ser ativado para a missão, o contratante me chamou na sala dele, para uma reunião particular a portas fechadas. Entrei e permaneci de pé em sua frente. Não tinha necessidade de me sentar, e talvez nem tivesse tal direito. Ele fumava um grande charuto, cubano, pela minha análise de ar.
- Escute, você fez um ótimo trabalho até hoje.
- Não mais que minha obrigação, senhor.
Minha fala causou grande riso nele, não entendi o porque.
- Por isso adoro vocês, máquinas! Parecem que não aceitam elogios!
- É apenas a realidade, senhor.
- Ok! Ok! Mas vamos ao que interessa! Seu contrato vai finalmente chegar ao fim! Esta noite, quero que elimine o alvo. Já não aturo mais aquela pirralha!
- Como desejar.
- E mais uma coisa, deixe bem claro para ela que a matou. Isso vai ser ótimo.
- Como desejar.
E assim saí da sala dele. Meus sistemas ligados ao raciocínio tentavam ligar o porque de um Pai desejar matar a própria filha. Muitos poderiam ser os motivos, mas nenhum vinha a tona mais claramente. O que podia fazer era apenas me preparar para aquela noite.

O que não demorou muito. Passei o dia todo novamente com o alvo, e a deixei na porta de casa para seguir para o meu turno de vigia. Que naquela noite, serviria para outra coisa. Assim que ela fechou a porta, fui prepara-me para o assassinato. Destravei minha Sig Sauer e revi em meus dados a planta da casa. Nós, Máquinas de Matar temos sim armas embutidas pelo corpo que são bem melhores que qualquer arma de pequeno porte que um humano porta. Entretanto, para manter as aparências de um assassino comum, era preciso o uso de pistolas.
Era de madrugada, chegada a hora. Precisava parecer ter invadido a casa. Por isto, saltei o muro dela, e entrei pela janela da sala. Havia decorado o turno dos guardas, e passei exatamente numa brecha vista. Já dentro do loca, ativei a visão noturna de meus olhos para seguir. O quarto dela ficava no segundo andar e subi lentamente até lá. Porta destrancada, como era de se imaginar de uma jovem. Entrei. Logo que adentrei o quarto, liguei a luz.

Ela estava dormindo, se revirando na cama agora que a luz foi acesa. E lentamente espreguiçou-se ainda de olhos fechados, para levantar-se lentamente em seguida enquanto os abria.
- Mas o que está acontece... - E me viu. - Ora, o que está fazendo aqui a essa hora?
- Vim concluir meu trabalho, Senhorita.
Minha arma estava visivelmente apontada para ela. Mas a garota pareceu ainda não ligar os fatos.
- Como assim, querido? Não estou entendendo...
- Fui contratado para te matar quando a ordem me fora dada. Ela me fora dada esta tarde.
- Ei, calma. Como é? Não entendi nada, é algum tipo de brincadeira, não é? Vamos lá, abaixe essa coisa e venha aqui. Já que você já está no meu quarto. Porque nós não...
- Não é nenhum tipo de brincadeira.
- Hm?
- Não há brincadeira alguma quando disse que fui contratado para te eliminar.
E ela finalmente pareceu entender tudo. Arregalou os olhos e o sorriso desmanchou-se da face.
- Espere. Você, está falando sério?
- Exatamente.
- Então, você não se aproximou de mim porque gosta de mim?...
- Nunca realmente disse isso senhorita. Me aproximei porque foi de seu interesse.
- E agora você...
- Sim. Estou lhe eliminando.
- Não! Espera!
Ela entendeu o que se passava e agora, parecia querer evitar. Seus olhos começaram a ficar úmidos, lágrimas começaram a cair. Já fora informado antes delas, embora nenhum de meus alvos nunca tivera tempo para derramá-las. Esta era a primeira, e eu me questionava o porque das lágrimas.
- Depois de tudo que passamos juntos, você realmente não sente nada por mim?
Parei para que os sistemas de análise me dessem uma resposta. Mas os sistemas de raciocínio. E o que me dizia sobre o que era de um padrão humano me davam outras respostas. E assim, fiquei alguns segundos aguardando uma resposta. Enquanto isto ela se levantou, começando a dar passos em minha direção.
- Quer dizer que, mesmo me beijando e me tendo, você nunca gostou de mim? Responda-me!
Mas continuava sobre análise. Os dados demoravam para sair, coisa que nunca antes havia ocorrido. Mas, como ela não apresentava perigo algum para meu mecanismo, deixei ela agir como desejasse enquanto isto. A garota agora chorava aos montes, enquanto esticava as mãos em minha direção, lentamente.
- Escuta... Eu não confiava em mais ninguém além de você. Meu pai, nunca me amou de verdade, porque eu não sou filha dele de sangue. E minha mãe, morreu pelas mãos dele. Eu, não sei mais o que fazer. Se você me abandonar eu não sei mais... Eu...
O novo dado que ela me deu era o que confirmava uma das hipóteses sobre o porque de meu contratante me dar tão peculiar missão. Não era comum um pai assassinar a própria filha, mas caso ela não fosse, e fosse fruto de um adultério, ai os motivos são inúmeros. Analisando os novos dados ainda me contive de dar uma resposta. E foi enquanto ela notava isso que ela teve um pingo de esperança sobre mim. Sobre a hipótese de eu talvez contrariar meu superior e negar a matá-la.
- Só me responda isso, querido... Você nunca sentiu nada por mim? Mesmo?...
Era uma hipótese boa a se pensar alias. Rebelar-me. Não tinha um sistema de auto-destruição, e não podiam me destruir por controle remoto. Além disto, sou muito melhor que qualquer outro agente existente. E meu modelo é o mais moderno já feito. Não haveriam obstáculos contra os quais devesse temer caso me rebelasse. E, neste exato momento veio minha resposta para a pergunta dela:
- Não.
E puxei o gatilho, eliminando meu alvo.

Ainda não compreendo sentimentos humanos. E talvez, também não compreenderei nunca. Muitos deles, alias, viam-me como incapaz de realizar certos tipos de missões. Talvez a teia de filmes de ficção científica já feitas, onde o robô no final tem sentimentos, tenha influenciado suas mentes. Deveriam ser mais realistas.

Imagem: sad robot by ~natdatnl

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