segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Sussurros Engasgados

ㅤㅤAli, mais uma vez, postara-se. Pronto, estava.

ㅤㅤEra com grande ternura que já confessara seus feitos:
ㅤㅤSubiu ao alto do Olimpo, mas lá, nem sinal da presença;
ㅤㅤTarde da noite, Hercule Poirot o considerara suspeito.
ㅤㅤR(←“)apaz de punho forte”, Quixote, a força de sua crença.
ㅤㅤA(←`) poucas lágrimas, dissera tudo, o Sujeito,
ㅤㅤDe cabeça baixa, frente àquela divina Senhora, e sua clemência.
ㅤㅤAli, depois de Aurélia, postara-se. Mais livros.

ㅤㅤLapidou na alma cada gota do suor.
ㅤㅤOnde, em cada qual, vivenciaste tanto, e por tanto.
ㅤㅤNão a encontrara. E torcia para que não fosse por força maior.
ㅤㅤGastou de anos, todavia não cairia por seu próprio pranto.
ㅤㅤAli, mais uma vez, postara-se. Mais folhas.

ㅤㅤE fechou os olhos. Idealizava-a.

ㅤㅤÁtimo de tolice, jogara-a lá. (Hah!) Fazia tanto tempo!
ㅤㅤRoubou dela a vida jovem, condenou-a ao carrasco
ㅤㅤDas folhas, do seu mágico dom que viera com o vento.
ㅤㅤUma vez divertido passear por eles, agora, só espasmo.
ㅤㅤA biblioteca soava sombria, não tinha mais seu antigo envolvimento.



ㅤㅤ(...)



ㅤㅤ(...)



ㅤㅤ(...)



ㅤㅤ(...)



ㅤㅤFaltavam poucos anos de vida, vida de arrependimento.
ㅤㅤIncansável, a busca terminava. Terminava incompleta.
ㅤㅤNão havia sucesso, e sua amada perdida para sempre.
ㅤㅤAli, frente a mais um, agora um livro cinzento,
ㅤㅤLábios de leve soaram, “das minhas tentativas, a última faceta”.
ㅤㅤMal-acomunado da desgraçada do peito ardente,
ㅤㅤEle nem ao menos vira qual o livro. Cego de desalento.
ㅤㅤNão soubera, mas aquele amontoado de poeira da gaveta,
ㅤㅤTudo poderia ter, menos letras. Como bom livro em branco.
ㅤㅤE ali postara-se, como em toda sua vida. Vestiu-se do mágico manto.

ㅤㅤCarregou sua alma para dentro do nada.
ㅤㅤHora de desgraça, abriu os olhos e encontrou-se vivendo atrás do horizonte.
ㅤㅤE ali, só ele existia.... Ou não.
ㅤㅤGalopando no vácuo, montado num cavalo de mentira, ao longe, a amante.
ㅤㅤAli, reencontrada a esperança. Retomada.

ㅤㅤAos berros, lágrimas e juras de amor, ele correra.
ㅤㅤO coração saltitante, fim de tristezas de uma era.

ㅤㅤF(←")IM", Gritara.
ㅤㅤI(←"F)M", Gritara.
ㅤㅤMago amante de livros, aquele que aprisionou sua amada dentro da literatura finalmente a reencontrara na sia infinita biblioteca. Abraçou-a com gosto e deixou que todo seu arrependimento se transformasse em mais pura demonstração de amor. Ela também envelhecera, perdera toda sua juventude perdida no nada de um livro em branco, assim como ele perdera toda a juventude procurando pela amada. Mas já pouco importava. Feliz, abraçou-a, beijou-a. E juntos, saltaram para fora do livro, cobertos pelo mágico manto branco. Desabando em pranto, lembrou-se de todos os “FIM”s pelos quais já passara, procurando apenas o seu. Aos leves sussurros, para a amada, confessou: “A estrada longa e árdua, meu amor, finalmente chegou ao fim”.


FIM

2 comentários:

  1. Tadashi, que texto é esse???? :O
    Cara, como é que você consegue fazer um texto assim? Pode me ensinar a fórmula? rsrs
    Sério, tem algum segredo especial para isso?
    Só tenho uma palavra sobre ele: perfeito!
    E as iniciais de cada linha formando a frase final do texto? Essa daí com certeza foi demais! Nossa, eu admiro demais os seus textos e este aqui em especial me deixou perplexa! Com certeza você merece cada selo que eu te passo, embora eles não sejam o suficiente! Parabéns, parabéns e parabéns, você é fantástico! :D
    Beeijo ;*

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  2. Belo texto Tadashi, e muito inteligente também!!

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