Os sapatos com pontas viradas para cima surgiram no canto do palco, quase imperceptível, dado a escuridão do mesmo. Ali, o Pierrot observava o grande centro de luz onde o holofote projetava os espasmos de vida em seu universo de escuridão.
De máscara em face, de tinta em sentimento; o rosto do anfitrião da terra do nada parecia, como sempre, o que de maior havia em suas emoções. Todavia, ali, ele permanecia quieto. E assim permaneceu, por longos minutos.
- Diversas vezes, os sentires e dizeres da vida não se cruzam. - A fala saiu alta, concisa e séria. - Nessas horas, somos quase... assim...
E uma pequena bola de vidro apareceu no globo de luz, rolando, emanando aquilo que se transparecia da claridade que nela incindia. Os passos do palhaço de paradoxais emoções acompanhavam a bola de cristal, e, em momentos, ele estava no globo de luz.
Graciosamente, ele se abaixou e alcançou a esfera. Segurou em punho o pequeno e delicado objeto, e virou-se para o público, em sua face, permanecia um tristonho sorriso.
- Mas quando as luzes que indicam a vida passam, e permanece cá somente a escuridão de seus próprios pensares... - O holofote foi se apagando, até finalmente pouco se ver do palco.
- Os dizeres não mais importam, - O som de vidro se despedaçando de encontro ao chão. - e resta só você.
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Monólogo - 5
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLembrei de alguns momentos que vivi assim. Costumava ser essa a minha rotina... Parabéns. Traduziu tudo o que sempre senti mas nunca consegui dizer, e ainda o fez com uma beleza sem igual.
ResponderExcluirSeu blog é óptimo,gostei dou-lhe meus parabéns.
ResponderExcluirCom votos de grandes vitórias.
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Sou António Batalha.